Caímos!

Na calada da noite, precisamente às 12h43, as redes sociais da Sociedade Esportiva Palmeiras anunciaram a demissão de Roger Machado.
Com sete meses de trabalho e 68,1% de aproveitamento (44 jogos, 27 vitórias, 9 empates e 8 derrotas), seus números o colocam entre os líderes neste quesito em território nacional. Vice campeão Paulista (sabemos porque não foi campeão), melhor campanha na Libertadores, classificado para as quartas de final da Copa do Brasil e sexto lugar no Campeonato Brasileiro. Apenas Grêmio e Flamengo estão em situações semelhantes. Os resultados também podem ser considerados muito bons. Pesam contra seu trabalho o desempenho ainda abaixo das possibilidades e expectativas para o elenco formado e o excesso de derrotas para o arquirrival nos dérbis. Algo que justifique uma demissão no meio da temporada, após mais de um mês de treinamento durante a parada da Copa e a uma semana do início do decisivo e intenso mês de agosto (com nove jogos, sendo quatro em mata-matas de Copa do Brasil e Libertadores)? Absolutamente NÃO!
A cultura do nosso futebol é opressora. A 'dança das cadeiras' atingiu 13 treinadores em apenas 15 rodadas do Campeonato Brasileiro. A média de tempo de trabalho de um treinador no Brasil é inferior a um semestre. A fórmula é simples: diretoria arcaica, departamento de futebol amador e torcida impaciente. Demitindo-se o treinador, aponta-se um culpado, justificando-se os maus resultados, encobrindo os erros de gestão, com o bônus de acalmar o torcedor insatisfeito.
É simples. É prático. É comum. Mas não deveria ser assim no nosso Palmeiras! Nossa grandeza clama que sejamos diferenciados, singulares, extraordinários. Não foi dessa vez, novamente. Pelo contrário, estamos piorando neste ponto. Desde 2013 com Gilson Kleina, o Palmeiras não mantém um técnico por um ano inteiro: Ricardo Gareca, Dorival Junior, Oswaldo de Oliveira, Marcelo Oliveira, Cuca, Eduardo Batista e Alberto Valentim. Profissionalizamos o departamento de futebol, aprimoramos a gestão financeira do clube, fortalecemos a base. Mas ainda não aprendemos a lidar com algumas particularidades palestrinas: as pressões políticas internas e as cobranças exageradas de uma torcida apaixonada de sangue italiano.
Interessante notar que esse período coincide com a transformação e modernização do clube, iniciado por Paulo Nobre. Neste século, até então (2013), disputávamos os campeonatos sem grandes esperanças de títulos, ora ameaçados pelo rebaixamento. Quadro totalmente diferente do atual, no qual somos tidos como favoritos, com possibilidades, inclusive, de conquistar todos os campeonatos disputados. Diante deste novo quadro, a pressão por resultados aumentou exponencialmente. Esquecemos que no futebol, há um adversário do outro lado, também preparado para a peleja; que é impossível o time vencer sempre; que os jogadores nem sempre estarão em seu melhor momento. Soma-se isso à contratação de treinadores competentes, mas sem bagagem de títulos, a chamada 'costa larga' frente às cobranças, 'casca grossa' num vestiário repleto de estrelas, casos de Eduardo Batista e Roger Machado, que já assumem o cargo pressionados, sendo contestados na primeira derrota.
Enfim, a demissão de Roger não é o que eu esperava e gostaria para o Palmeiras neste momento, apesar da raiva que senti ontem após o apito final e a derrota para o falido e fraco time do Fluminense. Mas tenho pressentimentos de que foi uma demissão de oportunidade de mercado, como foi com Eduardo Batista quando Cuca, o treinador do Enea, se apresentou disponível no mercado. Não sei se deveria dizer, mas vou arriscar, meu 'feeling' está pedindo... algo me diz que o mestre Felipão está caminhando para a região do Palestra Itália novamente. E, se vier, preparem as gargantas!

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