Ultrapass...agem!

Há quarenta dias, o anúncio do retorno de Luiz Felipe Scolari ao comando do Palmeiras pegou a imprensa tupiniquim de "calça curta". Como poderia o Palmeiras, com sua estrutura moderna e poderio financeiro atual, optar pelo "técnico do 7 a 1", era a questionamento em suas mentes.
"Felipão é ultrapassado e não dará certo no Palmeiras." - Mauro Cezar (ESPN).
"Felipão está ultrapassado e obsoleto." - Neto (BandSports).
Apenas para citar alguns dos ditos comentaristas e críticos ferrenhos do trabalho do referido técnico.
Onze jogos depois, com sete vitórias, três empates e uma derrota, além de apenas dois gols sofridos, classificado para a semifinal da Copa do Brasil, classificado para as quartas de final da Libertadores e a três pontos do líder do Campeonato Brasileiro, na terceira posição, Felipão começa a assombrar os torcedores rivais e a causar fobia nos conhecedores do esporte bretão com microfone nas mãos.
Com seu "futebol de resultado", baseado num sistema defensivo forte, bolas longas e muita força de vontade, a "Família Scolari", edição 2018, começa a tomar forma.
Até ontem, não tínhamos um único zagueiro confiável. Dracena era velho, Tonhão estabanado, Luan imaturo e Gomez desprestigiado. Hoje, temos duas ótimas duplas de zaga: Dracena e Tonhão, e Luan e Gomez. Graças a um sistema defensivo sólido no qual a primeira função de um volante é marcar, e não se infiltrar na área como elemento surpresa, fazendo do voluntarioso Thiago Santos um verdadeiro ladrão de bola, um carrapato; e de um lateral também é marcar, e não ser um ala, descendo frequentemente ao ataque, permitindo o crescimento exponencial de rendimento do pouco baladado Mayke.
Lucas Lima e Dudu, tecnicamente os principais jogadores do elenco, vinham desmotivados e rendendo abaixo do esperado. Com a chegada de Felipão, Lucas Lima tem se destacado, aceitado a reserva e feito golaços; Dudu voltou a sorrir, a ser o nosso pequeno gigante em campo, um guerreiro, a alma do time.
Bruno Henrique, que já vivia grande fase com Roger Machado, sacramentou-se como capitão do time, um líder em campo. Sobre Felipe Mello, Felipão soube tratar sua expulsão irresponsável contra o Cerro de forma justa, dura e sem perder o vestiário como fez Cuca em 2017. Sua titularidade, sendo um dos melhores em campo nos dois jogos seguintes, contra Chapecoense e Atlético/PR, provam sua brilhante capacidade de gestão de elenco. Elenco, aliás, em que todos tem oportunidades de jogar, serem úteis e decisivos. Até mesmo do criticado Deyverson, o mestre conseguiu ressuscitar e conferir a importante função de prender a bola no ataque, ganhar as bolas pelo alto dando a famosa 'casquinha', e, pasmem, botar a bola pro fundo da rede.
Você pode não gostar do jeito sincero e, as vezes, rabugento dele; ou considerar feio o futebol praticado pelos times que ele treina; ou ainda se apegar aos seus pontuais, e por vezes crassos, fracassos, que verdade seja dita, todos vivenciamos; mas são inegáveis sua competência gestora, sua vocação às conquistas e sua identidade com as cores alviverdes do Palestra Itália.
Se seremos campeões ou não, é impossível prever. Todavia, quando o Palmeiras modernizou e profissionalizou seu departamento de futebol, montando em seguida um dos melhores elencos do Brasil, a finalidade era experienciar esse momento: estamos vivos, e fortes, em todos os campeonatos disputados em 2018. Isso é ser Palmeiras! Scolarismo neles!

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